Caso do operário abandonado é "isolado"

O sucedido com António Nunes Coelho, que se encontrava em situação ilegal na Bélgica, é uma situação rara, considera diplomata português.
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O conselheiro para as Comunidades Portuguesas na Bélgica, Pedro Rupio, disse hoje que o caso do operário abandonado pelos colegas após ter tido um ataque cardíaco numa obra onde trabalhava ilegalmente é "isolado".

"É um caso isolado", disse à Lusa, lamentando o ocorrido.

"Felizmente, na comunidade emigrante portuguesa, a situação é bastante boa. Mesmo na construção civil, a maioria trabalha com papéis, legalmente", salientou Rupio.

O caso foi recentemente noticiado na imprensa belga e aconteceu em novembro: o emigrante, de 49 anos, desempregado, foi contratado para trabalhar clandestinamente numa obra, no feriado de 11 de novembro.

O emigrante, que vivia há 12 anos na Bélgica, sofreu um ataque cardíaco na obra e foi abandonado pelos colegas num terreno pouco frequentado, a alguns quilómetros de distância.

A recente divulgação dos resultados da autópsia por jornais belgas acrescenta um pormenor mórbido, o português estava ainda vivo quando foi metido numa camioneta e morreu entre 15 minutos e uma hora depois, tendo sido largado já cadáver.

Uma vez encontrado o corpo, uns dias depois, as investigações da polícia levaram as autoridades à obra onde a vítima trabalhou.

Segundo fonte da embaixada portuguesa, o caso chegou aos jornais belgas pelas mãos da companheira do emigrante, que acusa o empreiteiro e o mediador que o contratou, ambos portugueses, de lhe oferecerem 10 mil euros pelo seu silêncio.

A mesma fonte acrescentou que a justiça belga tem já a decorrer um processo-crime por não assistência a pessoa em perigo e ocultação de cadáver e a inspeção do trabalho abriu também um inquérito por trabalho não declarado, infrações à legislação sobre contratação de estrangeiros.

A embaixada pôs o serviço jurídico ao serviço da companheira do emigrante, que esta declinou por já ter contratado um advogado.

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